LÁGRIMAS




Emergentes, vêm caindo gota a gota
num enfeite do caminho em que descem,
também as tristezas se esvaecem
e agora dão beijos na rima da boca.
 
 
Derramam, translúcidas e doridas,
manancial de correnteza crua e pouca;
silenciosas, gritam a dor mais rouca
num consolo de conter o sal da vida.
 
 
Água de sambaqui, lágrimas soltas...
Porque voar da face o gravitacional espaço,
conduzem consigo o refino da alma:
 
 
o amor na cruz (sentimento lasso,
solidão maior) — angústias revoltas —,
jus sublimar, meros pingos de água.


*Poema reunido no livro "Gênese de Poemas Inversos", edição do autor.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 10/11/2011
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