PARADOXO [CCCII]
Cada vez que me vens, ó que prazer!
Toda vez que te vais, ah que tortura!
Paradoxo, na certa, o que há de ser
a fusão de um suplício com ventura.
Não ter sempre a certeza de te ter,
ler-te os olhos e o corpo de escultura,
isto me faz tão mais endoidecer,
sem jamais engajar-me na loucura.
Não se diz em que mar o amor navega,
ou que nauta, afinal, lhe dá comando,
já, por isto, o sentir se esvai ao vento.
Neste meu bem por ti, que já me cega,
tu me bailas, então, de vez em quando,
mas, se foges de mim, ai que tormento!
Fort., 10/11/2011.