"ANCIANIDADE... PERDA MAIOR: A FAMÍLIA"
Eu estou cansado, fatigado, cheio de desilusões.
Já não respiro o verde... O azul eu nem percebo.
Eu vivo tristonho, fechado, vazio de intenção.
Já não luto pela vida... Dessa água já não bebo.
Eu estou desgostoso de tudo, magoado, repleto de dor.
Já só vivo iludido... Nem meu orgulho mais defendo.
Já estou farto do mundo, descrente do seu valor.
Já não me existe motivo, razão... Nem eu me entendo.
Eu estou desencantado, ferido, sem proteção.
Já não me sinto as energias... Não procuro partilha.
Eu estou resignado, mesmo derrotado... Sem direção.
Já não creio no azar... Isto me é pouca sorte.
Mas de nada isto me valeria, sem ter minha família,
Pois a que tive me abandonou... Agora, só aguardo a morte...
(ARO. 1992)