"CARIDOSAMENTE"
Eu sou necessário ao mundo, disto não me excluo.
Estou de um lado da balança, isto é preciso,
Ajudo-o a manter o equilíbrio, é decisivo.
E para manter-me nele eu luto, e não me amuo.
Eu sou uma das peças desta máquina universal,
Pois ela não pode cair, nem mesmo balançar.
Contribuo para ela nesse processo sem reclamar
Para mantê-la suspensa no espaço sideral.
Se eu sou um grão de areia praiana à beira-mar,
Não importa, pois se me tiram, um lugar vai sobrar.
Eu sou a gota d’água que sobra da tempestade,
Mas, não importa, pois um vírus ainda posso afogar.
Eu sou o meu desejo ardente, que com todo direito invade
Toda orla desta vida que me foi dada para a caridade.
(ARO. 1995)