"CARIDOSAMENTE"

Eu sou necessário ao mundo, disto não me excluo.

Estou de um lado da balança, isto é preciso,

Ajudo-o a manter o equilíbrio, é decisivo.

E para manter-me nele eu luto, e não me amuo.

Eu sou uma das peças desta máquina universal,

Pois ela não pode cair, nem mesmo balançar.

Contribuo para ela nesse processo sem reclamar

Para mantê-la suspensa no espaço sideral.

Se eu sou um grão de areia praiana à beira-mar,

Não importa, pois se me tiram, um lugar vai sobrar.

Eu sou a gota d’água que sobra da tempestade,

Mas, não importa, pois um vírus ainda posso afogar.

Eu sou o meu desejo ardente, que com todo direito invade

Toda orla desta vida que me foi dada para a caridade.

(ARO. 1995)

Profaro
Enviado por Profaro em 08/11/2011
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