Saudade

Sinto saudade, e é só disso que sinto

Quando, parada, tenho-te no braço

O nosso tempo é longo e faz extinto

Do pensamento, o caos do amor escasso

Sinto saudades, sinto-me faminto

Do beijo ensandecido - um arroubo crasso

Que agora, neste inerte labirinto,

Cerro nos tons lilases do mormaço

Flores perdidas na neblina densa

Triste e estéril e assim (talvez) propensa

A tirar-me dos olhos toda a calma

Quando o teu corpo, há pouco, quente e lesto

Deixar-me a contemplar, à luz de um gesto,

Saudade escura que me doma a alma!

Gabriel Castela
Enviado por Gabriel Castela em 06/11/2011
Reeditado em 19/01/2012
Código do texto: T3321278
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.