"JUSTIÇA CEGA"
A Lei bate o martelo contra quem vira a mesa,
Contra a criança, que mata e rouba sem qualquer emoção;
A Lei bate o martelo contra quem faz a defesa
Do lar invadido, e fez justiça com a própria mão.
A Lei bate o martelo contra quem clama por piedade
Àquele que pela fome dos filhos pegou algum alimento;
A Lei bate o martelo contra quem constrói na cidade
Sob um viaduto um cantinho, atenuando seu sofrimento.
A Lei bate o martelo sem qualquer constrangimento
Contra o negro apontado pelo delito da cor;
A lei bate o martelo em nome de um regulamento.
A Lei bate o martelo sem se importar com a dor
De quem suplica por justiça mesmo com discernimento.
A ‘lei’ bate o martelo e cega a quem se opor.
(ARO. 1997)