"ANCIANIDADE... O ÚLTIMO QUE FALA"
Hoje meus pés arrastam, arranhando o chão:
Hoje até os óculos são fracos, não satisfazem a visão;
Hoje os braços cansados apóiam somente as pernas;
Hoje a cabeça já branca, só guarda saudades eternas...
Hoje sou o mistério, a experiência atingida:
Hoje no tempo que resta, sou mais uma página esquecida;
Hoje em meu saudosismo, sou edição esgotada;
Hoje minhas rugas registram uma vivência atribulada...
Hoje sou o estorvo para as saídas da família;
Hoje sou a própria solidão, e que ela me preserve.
Eu sou a tristeza e o temor que ninguém compartilha...
Hoje não sou mais que uma preocupação encravada;
Hoje, com tudo o que a vida ainda me reserve,
Eu sou o último que fala, a opinião dispensada...
(ARO. 1993)