ABSINTO ABSTRATO

Tu és meu absinto abstrato

Eu, vaso cheio do vazio

Enche-me de amor e de frio

Na ausência tua; o teu retrato

E, nessa ausência, me maltrato

Pois, o meu pranto jaz num rio

Verto minh'alma no arrepio

Do meu amor, vero e ingrato

E o fogo astuto, congelante

No peito morto e inerte

Do poeta cinza, num ato

Que, de brusco e delirante

Foi ter contigo, sem ver-te

Na minha morte que me mato