INCRÉDULO




As pétalas tuas, para quem abrirão?
Por quais juramentos quanta vez
julguei amar algo mais que religião,
mas fora maior descrença e estupidez?


Se, para ti, só me permiti um altar
e não reinventei, na minha oração,
a sagrada iniquidade da tua ilusão...?
Se só impus a uma diva perene adorar!...


Diva — mulher e homem no mesmo porto
para suplantarem a lívida admoestação
e atingirem, numa ilha, a fome do corpo:

nossa carcaça, desprendidos vinho e pão,
que fizera o sim e o sol, o sino e o conforto.
— Rugas da cara, teus sorrisos para onde vão?


* Poema reunido no livro "Gênese de Poemas Inversos", edição do autor.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 04/11/2011
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