SONETO AO NOSSO ENCONTRO
Esperei por tua chegada, refém de todas as pragas
Como chuva de mês de janeiro em tempos de sequidão
Foi como dizer de veredas do mais profundo sertão
Foi como pedir perdão à mão que nunca lhe afaga
É como quando de tu eu tô longe, dá preguiça e calor
E se chega como se vai, e se espera que nunca se chega
Dá cansaço, dor de barriga, de tanto sonhar com o amor
E me salva da enchente, da tempestade, do barco que afundou
E de lembrar dá fadiga! Já cansado de errar e tu me chega
Pula na água e me busca do fundo, traz vida a quem era defunto
E fala baixinho, de amor, o que ninguém mais pode ouvir
E ri de tudo o que falo de coisas que ninguém mais fosse rir
E fez de mim algo de bom que nem posso mais nada pedir
De minha vida já tens tudo, de teu amor, só busco sentir.
Graciliano Tolentino
03-11-2011