Desfalecida ventura

A nau mórbida pousa a proa encardida,

Ancora o porto, o dissabor desmedido;

Ferem-se as milhas do alento desiludido,

E a luz refratada, se apaga envelhecida.

Ouve o grito lúcido d’águia tão erguida,

Qual loucura padece o elo acometido,

Do que este pulso branco, amortecido?

A memória cinza desta cúpula perdida

Invade a sombra que o destino preza;

O abismo, enternecendo a dor ausente,

Desmorona-se a maré rude aprisionada,

E assim prevalece um corpo pendente

Consumido pela ira alheia, paralisada;

Desta súbita razão, o ocaso se revela.

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 03/11/2011
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