TELEFONEMA



Expectativa apavora, a hora é daninha.
(Submerso no sofá, agito as pernas;
levanto ao espelho espremer espinhas...)
É complexa a noite, quando eterna.


Rascunho de poema sobre a escrivaninha
— a própria inspiração se cala enferma:
as ninfas da Playboy nunca serão minhas
náufragas de uma solitária ilha de esperma.


Telefone silente. (Ela morreria tentando?...)
Sussurro espiona, a parede ameaça:
— É débil a espera, a hora é comparsa.


Esperar e esperar e esperar até quando?
Inclusive a esperança já saíra da sala...
O telefone chama: “Alô! Alô! Quem fala?”

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 02/11/2011
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