SONETO DE DEZEMBRO

Como flecha varei manhã, tarde e noite e parei;

cravei-me na carne do outro dia

Na velocidade estupefata das horas eu furei

cada momento que inevitável surgia

no tempo ao qual não me dei conta no voo

das figuras e dos fatos em acontecimento

A carne do tempo tem sabor que causa enjoo

e envenena instilando um entorpecimento

Eu só queria ter dito alguma coisa

no momento certo e na hora exata

Como um golpe certeiro que, de uma só vez, mata

Eu só queria ter me dado conta;

em meio ao rebuliço fazer afronta

e saber que tudo se foi como num voo de flecha

Morpheus