DESEJO




Fascínio e fogo, se os dissipo por ti
dissolvo-nos em ondas de consumo
no incêndio dos olhos, num frenesi
— vulcânica obra de homem e Netuno.

Frenética espuma, em segredo,
refaz perfumes de brasas e de rosa
na areia — lembrança mais ardilosa,
porquanto eu afague teu rochedo.

Leme e jangada, desejo de ti
é um relâmpago, um amigo,
o oceano e a carícia na dor:

— Nunca te permitirás partir
antes, doce sereia, de teu amor
salgar-se num gozo comigo.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 02/11/2011
Código do texto: T3312777
Classificação de conteúdo: seguro