RENEGADO
Acostumei que me deixe
solitário num voo de gaivota,
quando — sorrateira — devota,
vem às ondas colher peixe.
Saboreio o sal com gracejo
— doce mel de um mar revolto,
num mergulho de valsa, e volto
cingir as águas plenas de beijo.
No continente, se me vejo,
sou contínua maré de desejo
porquê finda o mar em fantasia:
voluptuosa, a praia serpenteia
em azul para além da areia
e ao meu céu faz companhia.
Acostumei que me deixe
solitário num voo de gaivota,
quando — sorrateira — devota,
vem às ondas colher peixe.
Saboreio o sal com gracejo
— doce mel de um mar revolto,
num mergulho de valsa, e volto
cingir as águas plenas de beijo.
No continente, se me vejo,
sou contínua maré de desejo
porquê finda o mar em fantasia:
voluptuosa, a praia serpenteia
em azul para além da areia
e ao meu céu faz companhia.