RENEGADO



Acostumei que me deixe
solitário num voo de gaivota,
quando — sorrateira — devota,
vem às ondas colher peixe.

Saboreio o sal com gracejo
— doce mel de um mar revolto,
num mergulho de valsa, e volto
cingir as águas plenas de beijo.

No continente, se me vejo,
sou contínua maré de desejo
porquê finda o mar em fantasia:

voluptuosa, a praia serpenteia
em azul para além da areia
e ao meu céu faz companhia.

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 02/11/2011
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