SONETO DA CONSTRUÇÃO, DA DESTRUIÇÃO E DA RECONSTRUÇÃO

A si que me deu o exaspero do choro.

A ti que me falaste da beleza

da vida, da união, da aliança,

do medo, do desejo, da esperança.

A ti que me roubaste prata e ouro.

A ti, meu tesouro, deixo a tristeza

da lágrima, da dó, da ingratidão,

da fama, da lama, do pó do chão.

Liberta-te da liberdade algoz.

Encontra-te aos gritos calada a sós.

O vento que constrói também destrói.

Corrompendo-se nos pés da vertigem.

Amando-se, doce, como uma virgem.

O vento que destrói também constrói.