"QUADRO TRISTE"
Era uma triste figura, passiva, sentada,
Sob a chuva fina que lhe molhava por inteiro
Trazendo um olhar vazio e prisioneiro
Do mundo que lhe pôs um dia nessa escalada.
É a própria desilusão do futuro
Prostrado à espera do não se sabe o quê?
Os cabelos escorridos, também inseguros
Quanto às reais possibilidades de um porquê...
Como uma silhueta sentada
Na tela de um quadro em agonia
Onde quem passa olha, e mais nada.
Reservando-se à sua inexplicável fantasia,
Atenta a tudo numa busca declarada,
Ou aguardando a solução para sua paralisia...
(ARO. 1993)