URTIGA E SAL
Oh, como anseio aguar o meu canteiro...
Fazer da urtiga minha meiga rosa
desabrochando plena e caprichosa
na terra de um presente alvissareiro...
Oh, como anseio mergulhar-me inteiro
no meu mar brando, de onda carinhosa
que me carrega feito filho, airosa,
ao colo aquoso, a me abrigar no outeiro...
Mas me molesta a tal urtiga crespa,
o meu jardim é vil covil de vespa
e eu sou banido das unções florais...
E quanto à onda? Edaz vilã nociva
que me aprisiona, servo, nesta estiva,
num mar que é todo sal e nada mais.