URTIGA E SAL

Oh, como anseio aguar o meu canteiro...

Fazer da urtiga minha meiga rosa

desabrochando plena e caprichosa

na terra de um presente alvissareiro...

Oh, como anseio mergulhar-me inteiro

no meu mar brando, de onda carinhosa

que me carrega feito filho, airosa,

ao colo aquoso, a me abrigar no outeiro...

Mas me molesta a tal urtiga crespa,

o meu jardim é vil covil de vespa

e eu sou banido das unções florais...

E quanto à onda? Edaz vilã nociva

que me aprisiona, servo, nesta estiva,

num mar que é todo sal e nada mais.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 27/10/2011
Reeditado em 16/12/2015
Código do texto: T3300685
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