Desejar que machuca
Desejar que machuca
Nos lábios trêmulos um tímido sorriso aflora
Num pedido mudo para tua boca saciar a vontade
Do beijo que a lágrima do olhar límpido implora
Agasalhando o sabor úmido d’m suspiro sem alarde
No coração a chama ardente da paixão devora
O pensamento tem cheiro e gosto de intimidade
Buscando-te nas estrelas, só e triste te namora
Nas asas dolentes e doridas d’ma doce saudade
O suor inunda a alma num frêmito arrogante
O desejo faz a viola entoar cantigas de amor
Num desejar que machuca o peito luxuriante
Queda o corpo entre brancos lençóis de cetim
A aurora principia sem delongas e sem pudor
Tudo se repete, nada muda, nem mesmo o camarim.
Norma Bárbara