Lamento filial

Olho pro meu pai, pros seus olhos calados,

Membros atrofiados, os passos tolhidos,

Com as fundas marcas dos anos passados.

Na nudez de um gesto o vagar dos sentidos.

Olho pra ele e penso nos sonhos frustrados,

Nas muitas paixões e projetos falidos.

Nas muitas andanças, os pés calejados,

Nas dores das perdas dos entes queridos.

Olho pro meu pai e percebo de repente

O quanto o destino nos deixou marcados

E arranco do peito este verso pungente.

Em que se baseia o conceito de alegria?

E a felicidade, meu Deus? Que será?

A vida afinal é esta noite sem dia?

Carlinhos Colé
Enviado por Carlinhos Colé em 25/10/2011
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