"SER ALIENADO"
Desaba o céu, faz-se a escuridão... nada lhe intriga.
A sua volta nada acontece, porque nada lhe é diferente,
Não se percebe diferenças, mais parece um indigente,
E se algo lhe importuna, empurra tudo com a barriga.
Nada o aborrece, tudo lhe é normalidade.
Surge o sol, esconde a lua, nem viu o tempo passar.
Não cogita o infortúnio, nem mesmo se as águas vão rolar.
A quem interessar possa, a ele não deixe saudade.
Ele é sua própria razão de ser: pura autonomia.
Não provoca nos outros ciúmes, tão pouco alguma simpatia.
Ele faz de sua vidinha seu mundo; seu virtual reinado.
É um ser vivo não muito pensante, mais não se trata de uma embolia.
E na altivez abstrata dos seus momentos, não se sente nunca rogado.
Apenas ele vive distante, como qualquer “Ser Alienado”...
(ARO. 2009)