"MORTE DA VIDA SEM RETROCESSO"
Perdeu-se a visão total. Conheceu-se a escuridão.
Não há mais brilho, nem luz. Sumiram as cores.
Não há limite, nem distância, nem direção.
Perdeu-se metade da vida e seus dissabores.
Perdeu-se a audição geral. Ganhou-se a quietude.
Não há mais barulho, nem ruído. Só imaginação.
Não há som, nem eco, nem amplitude.
Perdeu-se parte da vida e de sua poluição.
Perdeu-se o prazer do sabor: a gustação.
Não há doce, nem salgado... Tudo é discutível.
Perdeu-se outra parte da vida no processo.
Perdeu-se o olfato. Perdeu-se do tato a condição.
Não há flagrância. Não há liso. Nada é perceptível.
Perdeu-se o resto da vida: vida em morte sem retrocesso.
(ARO. 1990)