MERLA

Cedi a teu rosto acre gosto de rua

que em tua alma pura supura à sangria,

parti-a tal noite em açoite que atua

e encrua num trombo, num rombo no dia.

Em via distinta, retinta, ocre lua,

a nua, sem branco, de arranco, alumia;

magia infeliz a matiz terra crua:

pactua não mais com casais, luz sombria.

Fatia de dor dura, escura cafua,

falua de mágoa, ais em água bravia,

mão fria que esgana aura humana e a recua.

Sou pua que em dente doente se enfia,

enguia que espreme o que treme, o que sua

e o acua na estrada do nada, apatia.

(Primeira publicação em 06 de outubro de 2010).

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 20/10/2011
Reeditado em 10/06/2016
Código do texto: T3287271
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