AKHILLEUS ACALENTADO
Era de noite – dormias,
Do sonho nas melodias,
Ao fresco da viração;
[...]
Ao frio clarão da lua,
Aos ais do meu coração!
[Álvares de Azevedo]
O véu da noite negro e vaporoso
De estrelas encobria o meu lindo Amado,
Que tão cansado, meigo e majestoso
Em sono poetava apaixonado.
Do peito, o verso terno, langoroso
Na aurora suspirava derramado
Num canto forte, denso e tão formoso
Aos Céus subindo em transe acalentado.
Um sonho, doces olhos fulgurava
Os lábios tão vermelhos qual narciso,
As formas em seu leito repousava,
Adão sonhando em pleno paraíso.
E assim meu Amado lindo transbordava
Mil versos amorosos num sorriso.