Soneto de um Morto
E é quando me encontro e me perco
Que desejo de todos me afastar.
Preciso, por um dia, ficar sem ar
E comer, antes de tudo, muito esterco.
Apareço na vida; não tardo e fujo.
Avisto Ela e, logo, pereço.
Ela sabe de todo meu apreço
Que a ela emprego com meu corpo sujo
De terra, de barro, de choro e flores
Encontrados abaixo do solo torto
E me isentam do pesar dos leitores
Que, agora, entendem o partir do porto,
A dor de amar, e o amor da dor, sem rumores
Sabendo que até Maria já me viu morto.