"CRIANÇA... POR QUE ESSE DESPREZO?"
Esse povo me cobra, e isso me faz entristecido
Porque eu não sei o que devo ao mundo.
Cada olhar que percebo me deixa despido,
Parece até que sou o próprio mal, um vagabundo.
Essa gente não me esquece, nem me acolhe,
Cada passo que dou, tem alguém me olhando.
Se começo a sofrer, outro não há que me console,
Parece até que sou a razão do que está lhe incomodando.
Essa multidão me aterroriza e me irrita,
Já que suas caras feias só demonstram seus desprezos
Pelo que não fiz, e nem ao menos sei se farei.
Essas almas não me enganam, não são benditas,
Nem ao menos o purgatório lhes será coeso
Se me condenam ao abandono pelo que não errei.
(ARO. 1996)