RESTO DE MIM
O que antes era uma saudade bendita,
Hoje se torna a mais cruel das prisões,
Presas em meu peito poesias esquecidas,
Em minhas mãos puseste os grilhões.
Pisaste em meus frágeis dedos,
Mesmo ferido levei as mãos ao coração,
Como gesto em que seguro os segredos,
Mas escorregam entre os dedos ao chão.
Não estanco tais feridas que deixaste,
Arrasto-me em direção onde ficaste,
De pé me olhando, olhos de desprezo.
Apodero-me de um resto de mim e de papel,
Em último esforço ainda olhando para o céu,
O que foi por ti despedaçado. Ainda escrevo.