AO SONETO
E, como singular polichinelo,
Ondula, ondeia, curioso e belo,
O soneto, nas formas caprichosas.
As rimas dão-lhe a púrpura vetusta
E, na mais rara procissão augusta,
Surge o sonho das almas dolorosas...
[Cruz e Sousa]
Componho meu soneto em terna lira,
Tecendo seus encantos pra você.
Quatorze versos, leve casimira
Escritos em moldura de buquê.
Amor é o substrato que me inspira
Estrofes como tramas de crochê
Talhadas sob o sulco da safira,
Buscando a perfeição que não se crê.
As rimas arranjadas pelas linhas,
Sonoro jogo em notas musicais,
Estâncias cultivadas nas tardinhas,
Ouvindo o louco canto dos pardais
Bem quando na janela tão sozinha
Meu peito vou cosendo em tantos ais!