CXXXVIII Soneto (Shakespeare)

Se meu amor diz-s' feita só d'honestidade,

eu nela acredito, ainda que me minta

ainda que me veja como jovem sem prumo

inexperto nas falsas verdades do mundo;

pensando'assim que'ela me quer menino,

embora saiba qu'se me foi'a mocidade,

eu endossarei sua língua falaciosa

e em ambos os dois s'aniquila'a verdade;

porém, de que lhe serve seguir fingindo?

E de que me serve não confessar a idade?

'Scuta:'o melhor p'r'o'amante é crer por princípio.

E'os anos no'amor calam adrede'a velhice.

Por isso eu consigo minto'e'ela comigo;

e nas falhas, por mentiras, perfeições fruimos.

Danilo da Costa Leite
Enviado por Danilo da Costa Leite em 14/10/2011
Reeditado em 17/10/2011
Código do texto: T3276024
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