SEDE
Ó, rios secos dessas terras devastadas
pelo furor da natureza embrutecida
a vos negar as chuvas fartas derramadas
de nuvem santa lá dos céus, em véus vestida...
Lagoas mortas dos sertões, dilaceradas
na fúria austera da estiagem homicida...
Ai, tantas brasas de calor eternizadas
na dura pena dos que vivem sob a vida...
Ó, conformai, lagoas, rios de tristezas,
vede em minh'alma a vastidão desoladora,
pois eu perdi o meu amor e queimo aos ares...
E quedas d'água e cachoeiras, correntezas
oh, não saciam minha sede esmagadora
por seus carinhos, por seus beijos, seus amares.