O POETA PERVERSO

Meus versos brandos, meros artifícios

para esconder o monstro tão faminto

que, solitário, ronda meus resquícios

de sombra torta em treva, em labirinto.

Vós não sabeis, mas traio, violo e minto,

todo entranhado nos meus torpes vícios

que manipulam o que eu sou e sinto...

Meus vários loucos assolando hospícios!

Que todos fujam deste ardil humano

que se disfarça de menino lhano

a congelar, no inverno, a primavera...

Eis a verdade que de mim se excreta:

Por trás do verso doce do poeta,

habita a bruta e perigosa fera!