À Tardinha
Quando eu te vejo voltar, no fim do dia,
no horário pontual, nessa constância,
tento lembrar-me, à luz da geometria,
o teorema que mede essa distância.
É do outro lado da rua. Assim tão perto,
nem o horizonte aparece nessa parte.
É o primeiro plano, o ponto certo
para que meu amor possa alcançar-te.
Tenho-te assim na medida de um olhar,
de um gesto, de um sorriso, de um aceno.
Estás tão junto e o mundo é tão pequeno...
Mas quando vejo o teu vulto se afastar,
toda esta matemática se finda
como se mais larga esta rua fosse ainda.