Alforria
Se invento ou se floreio o meu falar
com sons que não se escrevem, sem saber
como dizer o indizível, ser
fiel nesse meu modo de pensar,
se uivo para a Lua, ou grito ao mar,
se choro ou rio, é todo o meu viver
que solto em brado forte de prazer
e contrição, e a dor me faz gritar.
Se eu grito, estou louvando a liberdade,
a vida, que me envolve e me domina,
entanto me permite ver o céu.
Mas, quando eu calo, um sopro de saudade,
um choro manso, com voz feminina,
amansa o meu sofrer, me tira o fel.