"ALGO ESTRANHO NO AR"
“Há algo estranho no ar” – percebo a frieza castanha
Dos teus olhos que me evitam como pessoa estranha
Ao teu mundo fechado à minha presença inglória
Pela luta ao teu amor fraterno, irmão na História.
“Há algo estranho no ar” – concebo nas palavras silenciosas
Dos teus atos que me agridem fazendo-me pessoa odiosa
Ao teu ciclo selecionado que não me compete ser parte
Por culpa de um destino que fez de mim seu descarte.
“Há algo estranho no ar” – ventilado por uma densa neblina
Que me afasta e me torna um ponto apagado, sem valor,
Enlutando-me o coração dividido entre a sorte e a sina.
“Há algo estranho no ar” – já que tu me entranhas esta negra cor
Ao me tratares como corpo estranho, levando-me à ruína
Espiritual, por ter-te negado a mão à hora de tua dor.
(ARO. 1997)