QUASE O NADA PARA QUEM AMA É O OURO
O que fazes, Hortência, nesta hora?
A noite chegou, e há lua lá no céu...
E há névoa nas montanhas como um véu...
Que faremos até o romper da aurora?
O vinho vem às mesas na penumbra,
Quantos olhares no olhar se fitam,
E quantos corações ali deslumbram...
Tu não me quiseste minha pepita.
Tu deitas ao ombro de um qualquer...
Não sabes o valor das minha juras:
Quanto ouro tenho, e não me queres.
Mas também tu, talvez amargurada
Em uma noite de sonho me procuras...
A mim me basta o sonho, e mais nada.