DOR DO NADA
DOR DO NADA
Plúmbea tristeza envolve-me a alma embriagada
no meu quarto escuro, sem janelas, que é a vida
quem sabe é esta a hora da minha despedida
pois só sinto o vácuo no peito; a dor do nada.
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se aos deuses do olímpo apraz seja removido
do meu cálice a amara cicuta sagrada
que fere e que machuca, que mata irmanada
só porque se ama e fez infeliz escolhida
A vida é feita de surpresas inefáveis
Mas meu fado côa-as todas, só fica a dor;
surpresas sólidas, êneas, desagradáveis
se há surpresas em doces grandezas – bolor
a sina encharca escolhas de marca - louváveis
e abre a porta à dor e à mágoa... menos ao amor.
300911 – Afonso Martini