SONETO DO MORTO-VIVO
SONETO DO MORTO-VIVO
E o ictérico vulto morto emerge da terra herege,...
Esquelético e complexo, vivo retrato humano invulgar
E de sua voz sem cordas troou a ânsia de me doutrinar
Em suas vestes rotas aguardava a tua maligna sege.
Eu cadáver a falar com meu eu astuto no meu leito procusto:
- Oh! Meu legista meu vampiro no meu corpo harmoniza o bisturi
Retira esses órgãos guaranis, se puder essa impura alma em frenesi
Doe o que prestar estar, e o que restar,... Já se faz combusto.
Que nova demência é essa? E o morto-vivo indagou o recém-morto:
- Qualquer capeta é mais anjo que tu, devias ser um neomorto.
Sobeja gente vital morta,... Não!!! É minha lente irial torta.
Andejo por essas veredas com meu miolo morbo e cerne sombrio
Sou tão insignificantemente vazio e com pensamentos de dar arrepio
Não há sândalos e nem halos, mas, há escândalos entupindo ralos.
CHICO DE ARRUDA.