XX XX
Tu temes que eu ainda ame o passado,
Que eu acredite que haja ainda sobras
De um amor em meu peito, disfarçado
De saudades de velhas e vãs obras...
Temes que eu inda esteja envenenado
Pelas ignominiosas e vis cobras
Que serpeando estão no meu passado,
Tecendo para a volta mil manobras...
Tu te amedrontas com as sombras mortas,
Para as quais eu tranquei as minhas portas,
Sem confiar nas coisas que te digo...
Sinto em dizer, querida, que no entanto,
Mais que as sombras das cobras, teu espanto
E medo é que nos causam mais perigo...