ROSAS VENENOSAS
Eu águo as sobras destas rosas do destino
que me tingiu a vida inteira de conflitos
ensurdecendo meus olhares com seus gritos
e enceguecendo os meus ouvidos, voz e tino.
Eu águo as sobras destas rosas dos enganos
que enrijeceram paladar sutil do tato
e degradaram de morfina o meu olfato
para, dopado, eu mutilar-me os dotes lhanos.
Aguando as sobras destas rosas me condeno
a debelar, traidor, motins dos insurretos,
manchar matizes dos sonhares prediletos
e finalmente me matar com meu veneno.
As rosas tão despetaladas, desfolhadas
e de finíssimos espinhos cravejadas...