ROSAS VENENOSAS

Eu águo as sobras destas rosas do destino

que me tingiu a vida inteira de conflitos

ensurdecendo meus olhares com seus gritos

e enceguecendo os meus ouvidos, voz e tino.

Eu águo as sobras destas rosas dos enganos

que enrijeceram paladar sutil do tato

e degradaram de morfina o meu olfato

para, dopado, eu mutilar-me os dotes lhanos.

Aguando as sobras destas rosas me condeno

a debelar, traidor, motins dos insurretos,

manchar matizes dos sonhares prediletos

e finalmente me matar com meu veneno.

As rosas tão despetaladas, desfolhadas

e de finíssimos espinhos cravejadas...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 28/09/2011
Código do texto: T3245175
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