O poeta num morre
Quando a mente já não arcança
A inspiração que tá bem pertin dum lado
Quando o coração para numa dança
Deixano o sangue tudin cuagulado,
Quando a mão já não mais iscreve
No papé que tá in riba da mesa,
É pruque aquele poeta em tempo breve
Deu o seu adeus, sabeno da certeza
Qui seu cantá ficô para sempre gravado
Nas roda de amigo, nos cordé, nas canturia...
U’a outra vida para ele é qui apariceu...
Temos a felicidade de que um dia ao seu lado
A genti juntos vamo insaiá u’a nova purfia
Pois o poeta tá vivo, só o seu corpo dizapariceu.