Soneto n.226
Pesadelo
Pesadelo
Vem, do fundo do meu abandono,
medonha, como terrível pesadelo,
a possibilidade de não mais vê-lo,
como a folha levada pelo outono.
Vem, do fundo de meu leve sono
com a marca de um nocivo selo,
sem a doçura de qualquer apelo,
algo dorido, dum sombrio dono.
Chega-me feito uma maré vazante
que subtraisse tudo num instante,
e me deixasse sozinha nesta areia.
...
Ah! A idéia de perdê-lo é tão dura,
fere a tarde, fere a vida e a ternura
a congelar-me todo sangue na veia!
Silvia Regina Costa Lima
23 de março de 2011