SONETO (AHAVÁ NICHZEVET)
Ao cair a noite e nada a vida fala,
Se está fadado o amanhã que me declaro:
Talvez não sei se verei ainda o dia claro,
Mas eu pergunto à noite e ela cala!
Pois vivo afogado no ensopo deste amor
Que dia e noite, noite dia me consome;
É como estando farto inda morrer de fome
E em noite glacial arder-se de calor.
É querer não lembrar, mas a dor profunda
Mais punge no peito, mais fecunda,
Mais continua viva esta memória algoz.
E depois de já neste leito desenganado
Pela boca deste amor que malfadado
Me consumira o ar de forma atroz.
(YEHORAM)