O LAMENTO DA MATA

Coitado moço, tu te espantas com as chamas,

as labaredas, ígneas línguas vis, famintas,

de cabeleiras escarlates sobre as ramas,

lambendo tudo em bravas sanhas indistintas!

Cuidado, moço, tu te queimas neste fogo

e te sufocas nos afagos da fumaça

que, traiçoeira, invade o peito, cala o rogo

e te envenena assaz, fingindo que te abraça!

Tu não terás as flores, folhas, verdes vivos...

Nem passarinhos, caitités, saguis ligeiros...

Nem as nascentes, seus poderes lenitivos...

Só mesmo as árvores em cinzas e braseiros...

Tu vês o quanto nos feriu o teu desprezo,

o teu cigarro que jogaste em mim, aceso.

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Pelos incêndios criminosos em Belo Horizonte.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/09/2011
Reeditado em 29/09/2011
Código do texto: T3242082
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