O LAMENTO DA MATA
Coitado moço, tu te espantas com as chamas,
as labaredas, ígneas línguas vis, famintas,
de cabeleiras escarlates sobre as ramas,
lambendo tudo em bravas sanhas indistintas!
Cuidado, moço, tu te queimas neste fogo
e te sufocas nos afagos da fumaça
que, traiçoeira, invade o peito, cala o rogo
e te envenena assaz, fingindo que te abraça!
Tu não terás as flores, folhas, verdes vivos...
Nem passarinhos, caitités, saguis ligeiros...
Nem as nascentes, seus poderes lenitivos...
Só mesmo as árvores em cinzas e braseiros...
Tu vês o quanto nos feriu o teu desprezo,
o teu cigarro que jogaste em mim, aceso.
****************************************
Pelos incêndios criminosos em Belo Horizonte.