Necropsia XIX
Amante funérea, porque estas morta?
Ao ver-te no jazigo deitada e eterna
Então lívida, linda a agora absorta
Nas trevas mergulhastes a caverna.
Mulher de muitos homens o que importa
Jaz na escuridão do abismo materna
Fera em vida, vítima depois de morta
Uma luz argêntea invade tua caserna.
Febres de lebres que correm contra ela
Nas múltiplas dores de uma perdição
Nos pedaços de um pobre coração.
Infestam teu ventre vermes que fremem
Nas cavas insetos imundos premem
Frio tumular que acompanha a danação.