VULTOS PÉTREOS
Meu vulto se mistura em outros vultos
ao longo da jornada ensandecida,
no crespo emaranhado de tumultos,
parado rumo à treva genocida.
Estéril, arraigado em chãos incultos,
na férrea busca de ares, sóis de vida,
sou vulto, pedra humana urbanecida
entre outros pétreos vultos insepultos.
Em meio a alheios vultos sofro o peso
de ser, para manter-me ereto e ileso,
petrificado vulto de amargura...
Ai, desespero mudo, eu vulto horrendo
sentindo o delicado meu morrendo
de sede, dentro da carcaça dura!