MISTÉRIOS DO MAR
Por que tanto me fascina o tombar das ondas,
Qual o mistério que o mar esconde de mim,
O que me leva a dispensar horas em rondas
Sentado no cais divagando o mar sem fim?
Vejo a espuma e presumo o leite derramado,
Nas conchas deixadas - minhas coisas perdidas,
No eco do tombo - a voz do grito não dado,
Nas garças brancas - os lenços das despedidas.
Contemplo a fúria pelo escorraço nas rochas,
Num bate e rebate carcomendo as durezas
Fosse meu corpo dilacerado em cruezas.
O mar me balança, mas desdém dos meus sonhos,
No vai-e-vem canta um ninar que me aperreia
Quando em seu verso me chama de grão de areia.