MISTÉRIOS DO MAR

Por que tanto me fascina o tombar das ondas,

Qual o mistério que o mar esconde de mim,

O que me leva a dispensar horas em rondas

Sentado no cais divagando o mar sem fim?

Vejo a espuma e presumo o leite derramado,

Nas conchas deixadas - minhas coisas perdidas,

No eco do tombo - a voz do grito não dado,

Nas garças brancas - os lenços das despedidas.

Contemplo a fúria pelo escorraço nas rochas,

Num bate e rebate carcomendo as durezas

Fosse meu corpo dilacerado em cruezas.

O mar me balança, mas desdém dos meus sonhos,

No vai-e-vem canta um ninar que me aperreia

Quando em seu verso me chama de grão de areia.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 21/09/2011
Reeditado em 23/09/2011
Código do texto: T3232374