MAZELAS
Acorrentado em calabouço frio e escuro,
cercado aos quatro lados por maciças celas,
comendo minhas próprias, pútridas mazelas,
as larvas repulsivas do íntimo monturo...
Afasto o meu olhar do olhar candente e duro
que me cravando a fina presa em mordidelas,
devora os meus resquícios de emoções singelas
e arrasa o meu espírito em bestial conjuro...
Ai! Esse olhar atroz a me impedir o sono,
a submeter-me a vida ao seu tirano trono
se multiplica a transformar-se em mil gargantas!
Assustador, faminto olhar do meu passado
que lança sua flecha acima, abaixo, ao lado...
O olhar dos meus remorsos, minhas culpas tantas.