DELÍRIO
Colho a gota que debruça ao lábio teu...
Vou sorvê-la dentro em ti, em tua tenda...
Decifrar o teu mistério, a tua lenda...
E alcançar-te o céu mais íntimo, o apogeu...
Bebo a seiva de tua alma no olhar meu...
Vou soprá-la dentro em mim, tua oferenda...
Adejar então meu corpo em cada fenda
do teu corpo que ilumina o mundo em breu...
E flutuamos pelos sonhos que esculpimos...
Nos canteiros das levezas que florimos...
No delírio alucinante, o amor se enreda...
E rompemos os limites! Quanta altura...
Nem notamos – neste voo, edaz loucura –
que perdemos nossa força! Ah, doce queda...
Inspirado no soneto “O Beijo”, de Aarão Filho
http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/3221145