DELÍRIO

Colho a gota que debruça ao lábio teu...

Vou sorvê-la dentro em ti, em tua tenda...

Decifrar o teu mistério, a tua lenda...

E alcançar-te o céu mais íntimo, o apogeu...

Bebo a seiva de tua alma no olhar meu...

Vou soprá-la dentro em mim, tua oferenda...

Adejar então meu corpo em cada fenda

do teu corpo que ilumina o mundo em breu...

E flutuamos pelos sonhos que esculpimos...

Nos canteiros das levezas que florimos...

No delírio alucinante, o amor se enreda...

E rompemos os limites! Quanta altura...

Nem notamos – neste voo, edaz loucura –

que perdemos nossa força! Ah, doce queda...

Inspirado no soneto “O Beijo”, de Aarão Filho

http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/3221145

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 16/09/2011
Reeditado em 16/09/2011
Código do texto: T3222471
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