VERDURA

Na raiz da tua ausência habita a desventura,

um espaço sucedâneo, em que a dor perfilha.

Faz-se abismo sem limite, estende-se armadilha,

negro charco onde desliza, além da terra escura.

Se nos campos do passado, andei por essa trilha,

reconheço, intermitente, a linha mais escura.

Não sabendo onde andar, busquei tua ternura,

mas, soberbo, me deixaste – a forrageira ervilha.

Com a falta que me faz a palma de um abraço,

eu preencho a composteira e grande esforço faço,

pra viver sem esse amor, ao qual me dei inteira.

É verdade que a colheita enfeita qualquer feira,

mas, daquela sementeira, herdei meu embaraço

e do pobre coração, as fibras despedaço.

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