VERDURA
Na raiz da tua ausência habita a desventura,
um espaço sucedâneo, em que a dor perfilha.
Faz-se abismo sem limite, estende-se armadilha,
negro charco onde desliza, além da terra escura.
Se nos campos do passado, andei por essa trilha,
reconheço, intermitente, a linha mais escura.
Não sabendo onde andar, busquei tua ternura,
mas, soberbo, me deixaste – a forrageira ervilha.
Com a falta que me faz a palma de um abraço,
eu preencho a composteira e grande esforço faço,
pra viver sem esse amor, ao qual me dei inteira.
É verdade que a colheita enfeita qualquer feira,
mas, daquela sementeira, herdei meu embaraço
e do pobre coração, as fibras despedaço.
nilzaazzi.blogspot.com.br