"RALÉ "
RALÉ I
(14.12.09)
Apesar de toda modernidade,
Da impulsão aos céus pra abraçar a lua,
Dos anjos forjados pra caridade,
Incólume na dor que “assalta” a rua...
Certeza da verdade áspera e crua
Rolando indiferente na calçada,
Que faz cegar a mente e a luz recua
Algemando mãos para caridade...
Certeza, como foi a do mercado,
Quando um jovem “pedinte”, esfarrapado,
Ergue a mão por um quilo de feijão...
Para em seguida a mulher assustada
Pressupondo estar sendo “ameaçada”,
Berra aos quatros ventos: Ladrão! Ladrão!!!
RALÉ I I
( 07. 04. 2011 )
Mendigos se agrupam naquela esquina,
Com roupas sujas, barbas por fazer
Não sentem a própria fedentina
Que mui incomodam os que ali vão ter...
Juntam-se quando a noite descortina,
Quando o “provável” pode aparecer.
“Cocaína, morfina, gasolina”,
Tudo que a noite possa conceber...
Certa vez, um mendigo desgarrado,
Foi encontrado morto incinerado
Distante dos mendigos rotineiros...
Pela manhã seu corpo foi levado,
Como um lixo, nunca periciado
Jogado na caçamba dos lixeiros...
Ronaldo Trigueiros Lima
=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=/=